Plano de classificação

Sociedade Filarmónica HumanitáriaData de Produção Inicial:1864Data de Produção Final:1998Nível de Descrição:FundoNome do Produtor e História Administrativa/Biográfica:Nome do Produtor: Sociedade Filarmónica HumanitáriaHistória Administrativa: "A Sociedade Filarmónica Independente e Humanitária nasceu em 8 de Outubro de 1864. Foi em casa de Isidoro Joaquim dos Santos que se reuniram, entre outros, Francisco José Pardelha, Feliciano Marques Guerreiro, Francisco Miguel Fernandes e José Ferreira Sardinha, antigos sócios da Sociedade Filarmónica Palmelense, então alcunhada de “Sociedade dos Morgados”. A estes homens vieram juntar-se ainda José Joaquim Taborda e Moura, António Maria Pereira e João Augusto dos Santos vindo a integrar a Direcção da nova Sociedade Filarmónica. José Ferreira Sardinha, antigo músico da Filarmónica Palmelense, foi nomeado regente da banda da Humanitária.
Na base das divergências entre os músicos dissidentes da antiga Filarmónica, decididos então pela fundação de uma nova Sociedade, encontravam-se motivos relacionados com a conjuntura política de então. Alguns dos elementos da banda não estavam de acordo em tocar na recepção a um candidato a deputado de visita ao Concelho. Desta cisão resultou a fundação de uma nova Filarmónica, que se autodenominava de “Independente e Humanitária”. Mais tarde, considerou-se desnecessária a manutenção desta designação inicial, firmando-se o nome em Sociedade Filarmónica Humanitária, até aos nossos dias.
A 1 de Novembro de 1864, menos de um mês após a sua fundação, a nova Banda saiu pela primeira vez à rua. Entretanto, as relações entre os músicos evoluíram para uma nova situação. Em tempo de disputas bem acesas, o primeiro ensaiador da colectividade, José Sardinha, acabaria por sair ano e meio após iniciar a sua actividade para reorganizar a Banda rival. O abalo foi tal que o presidente Francisco José Pardelha convocou uma assembleia geral, a 25 de Março de 1866, para decidirem se a Sociedade devia ou não ser extinta. Segundo a acta da sessão foi então deliberado “por unanimidade existir e doravante com mais força e entusiasmo”. Dois dias depois, Francisco Pardelha contratou um novo regente da Banda. Tratava-se de Inácio dos Santos Martins, contramestre da Banda de Música de Caçadores n.º 1, aquartelada em Setúbal. Foi este músico e compositor o autor do hino da Humanitária.
Sessenta anos mais tarde, a 3 de Agosto de 1924, a História da Sociedade regista um outro acontecimento indissociável da Banda, ou seja, a inauguração do novo coreto, situado no Largo de S. João. Com projecto do palmelense Salvador Augusto Camolas, o novo coreto veio substituir o antigo, construído em madeira, que datava de 1892 e que se situava no Largo do Chafariz, à entrada da vila, o Largo D. Maria I.
O objectivo de construir uma nova sede animou durante anos muitos sócios. Foi mesmo constituída uma Comissão Pró-Sede, responsável por diversas iniciativas que visavam a angariação de fundos.
A actividade recreativa da Sociedade foi intensa na antiga sede. Apesar das condições da instalação eléctrica serem deficientes, sucediam-se diversos espectáculos de teatro de variedades, festas com baile e récitas.
Com o propósito de celebrar o centenário da fundação da colectividade, tratou-se de construir uma nova Sede e marcar a inauguração para 8 de Outubro de 1964.
Hoje, a Sociedade Filarmónica Humanitária promove o ensino e prática musical através da sua Escola de Música, pela actividade da Banda Filarmónica e Grupo Coral." (in Programa de Recuperação de Arquivos de Interesse Municipal,vol.II, 2001)
História Custodial e Arquivística:Fundo de Interesse Municipal, alvo de inventário no âmbito do PRAIM - Programa de Recuperação de Arquivos de Interesse Municipal em 2001. A documentação descrita encontra-se na instituição proprietária e não no Arquivo Municipal.
Segundo o Programa de Recuperação de Arquivos de Interesse Municipal,vol.II, 2001:

"Descrição sintética do fundo documental
O fundo documental da Sociedade Filarmónica Humanitária, encontra-se depositado em três locais distintos das instalações da colectividade, a saber, a Sala da Biblioteca, a Sala de Arquivo da Música, e na bilheteira, a título provisório.
A documentação que se encontra na Sala da Biblioteca, constitui já o Arquivo Histórico da Sociedade, sendo possível que a curto prazo, esses documentos estejam disponíveis para consulta, investigação e divulgação, após autorização da Direcção da Sociedade. A documentação que se encontra na Sala de Arquivo da Música, é constituída por partituras e partes de instrumentos, utilizadas correntemente pelos músicos e pela Banda da Sociedade no decurso das suas actividades.
Na entrada da Sociedade, na bilheteira, encontram-se depositados provisoriamente um conjunto de caixas de arquivo com cerca de 2m lineares que contêm documentação de despesa dos anos de 1964 a 1990 e que aguardam transferência para uma localização definitiva com condições de acondicionamento e preservação apropriadas ou, caso a Direcção assim o decida, poderá ser eliminada.
A Sociedade não possuía um inventário prévio da documentação de arquivo.
Sala da Biblioteca (SB)
A Sala da Biblioteca tem a dimensão de 8,50m por 4,70m. Tem iluminação natural constituída por um conjunto de quatro janelas e também iluminação artificial incandescente. Na sala não existem vestígios de humidade nem de bicho do papel. O arejamento do espaço poderá ser feito através das janelas existentes na sala.
A documentação de arquivo encontra-se condicionada em caixas adequadas distribuídas por quatro móveis de madeira com três portas de vidro cada e gavetas inferiores. As dimensões dos armários são as seguintes: 2,60m (alt.), 1,80m (frt.) e 0,50m (fnd.). Cada um tem três estantes com seis prateleiras cada, contendo 17,20m lineares de documentação. Este espaço encontra-se esgotado. Nos móveis referidos encontram-se ainda uma colecção de trofeus e lembranças, medalhas e ofertas bem como um conjunto considerável de livros que constituem a biblioteca da Sociedade. Esta sala é ainda utilizada como sala de reuniões pela Direcção. A acessibilidade ao espaço encontra-se condicionada, pois só é possível através da solicitação das chaves ao contínuo da Sociedade.
Sala de Arquivo da Música (SAM)
A sala de arquivo da música tem as dimensões de 6,85m por 4,65m. A sala tem iluminação natural através de quatro janelas e iluminação artificial fluorescente. Não há vestígios de humidade nem de bicho do papel.
Na sala de arquivo da música encontra-se um conjunto de sete estantes metálicas com cinco prateleiras cada, com as seguintes dimensões: 2m (alt.) por 1m (frt.) por 0,3m (fnd.) contendo 30m lineares de documentação de arquivo. Nestas caixas de arquivo encontram-se as partituras e as respectivas partes respeitantes a cada um dos instrumentos que compõem a banda. Nesta sala encontram-se cerca de 720 pastas de arquivo correspondentes a peças musicais diferentes.
Na sala encontram-se ainda três ficheiros metálicos com um total de doze gavetas. Cada gaveta tem 0,35m (alt.) por 0,4m (frt.) 0,75m (fnd.). Cada um dos ficheiros tem as dimensões de 1,35m (alt.) por 0,4m (frt.) por 0,75m (fnd.), sendo que dois dos armários têm 0,45m (frt.).
Existem dois armários de vidro onde se encontram expostos antigos instrumentos musicais. Nas paredes encontramos um conjunto vasto de fotografias de antigos e actuais músicos, maestros e membros das Direcções da Sociedade. Há ainda um conjunto de fotografias antigas das sedes, bandas e grupos cénicos. De referir a existência de uma antiga bandeira da Sociedade, datada de 1940.
Últimas considerações
O fundo histórico-documental da Sociedade Filarmónica Humanitária encontra-se num avançado estado de organização arquivística. Esta realidade tornou-se possível dado o esforço conjunto desenvolvido pela Câmara Municipal e pela Direcção da Sociedade, ao delegar em dois jovens associados a responsabilidade de organizar e acondicionar de forma adequada a sua documentação de arquivo, num trabalho de parceria, realizado com acompanhamento por parte do Arquivo Histórico Municipal. Encontraram-se assim reunidas o conjunto de condições necessárias a um efectivo avanço no longo processo de tratamento arquivístico que este fundo necessita e merece.
A documentação de arquivo encontra-se acondicionada em caixas de cartão canelado, organizada por séries temáticas, com lombadas descritivas e numeradas, codificadas de acordo com uma pequena tabela de classificação construída para o efeito. O inventário realizado refere a posição/localização de cada unidade documental por prateleira. O espaço de depósito desta documentação poderá considerar-se o espaço nobre por excelência, com luminosidade natural controlada, o que o torna adequado para espaço de depósito e/ou de consulta tendo em conta as amplas condições que o mobiliário existente proporciona.
A próxima etapa de tratamento arquivístico será já ao nível do documento. Com o recurso aos meios informáticos, o processo de catalogação e de indexação por assuntos poderá vir a ser realizado após a construção de uma base de dados adequada e a uma lista de termos autorizados, ou seja, um thesaurus de descritores adequados à realidade do fundo documental de uma Sociedade Filarmónica.
Neste momento, com recurso ao inventário produzido torna-se possível facultar a consulta documental, com uma relativa facilidade no processo de recuperação da informação pretendida, considerando-se natural uma solicitação formal à Direcção e o necessário acompanhamento por parte dos responsáveis nos procedimentos inerentes à consulta."

Com a remodelação das instalações nas primeiras décadas dos anos 2000, o Arquivo Histórico passou a ter uma sala própria, tendo a documentação musical sido tratada e integrada no Arquivo da Banda.

Fotografias da Sociedade também foram digitalizadas no âmbito do Projeto do Arquivo "Uma Imagem, Mil Memórias".
Código de Referência:PT/AMPLM/AEE/SFH