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Rosa AlbinoNível de Descrição:ReportagemÂmbito e Conteúdo:D. Rosa Albino
Tem 80 anos. Filha mais velha de um casal com nove filhos. Para se esquivar, pelo menos parcialmente, aos trabalhos do campo torna-se numa costureira autodidacta de mão cheia. As mulheres que trabalhavam os campos levavam os filhos que eram deixados a cargo de uma senhora, a “coca”, que também tratava da comida. As crianças muitas vezes eram mal tratadas. Esta foi uma das razões que fez D. Rosa esquivar-se do trabalho no campo. Faz roupa para ela e para os irmãos muitas vezes a partir da roupa usada dos pai. Aos dezasseis anos, em Sines, vê uma rapariga com um vestido muito bonito. Fixa o feitio e faz um igual para ela. Esse vestido foi um sucesso e a partir daí começa a fazer vestidos para fora. Sem nunca ter ido à escola, analfabeta, Rosa nunca foi registada. Os seus pais viviam em união de facto e não viram nisso nenhuma utilidade. No que diz respeito aos seus irmãos isso não aconteceu pois foram “à escola”. Aos 24 anos para se casar, apesar das reticências do pai que não via nisso grande utilidade, Rosa contraria-o, a única vez que o fez na vida, e é registada como Rosa Albino (coincidentemente Albino era o sobrenome do pai e da mãe). Casa com José Joaquim Mayer de Oliveira, proprietário da bomba de gasolina que em frente à fábrica de tomate. Rosa não fica com o apelido do marido porque a assinatura treinada para o momento tinha sido a do nome de solteira.
O tempo passa e os 2 filhos nascem. O orçamento familiar assenta sobretudo nas bombas de gasolina complementado pelos trabalhos de costura de Rosa. Sete anos depois do casamento José Joaquim teve um acidente muito grave do qual nunca mais recuperou completamente. Esteve 40 meses internado em São José. A 17 de Setembro, dois dias depois do acidente do marido, a mãe de Rosa morre.

O sustento da família passa a depender unicamente de Rosa. O marido acamado aconselha-a a vender a bomba de gasolina. Rosa hesita. Depois toma a decisão que iria a revelar-se como sendo uma das mais importantes da sua vida. Torna-se “uma mulher de negócios”. Analfabeta, sem saber fazer contas, agarra o negócio da família. “ Por umas tira outras” e o negócio das bombas da gasolina fica mantém-se e prospera. Entretanto vai para a escola para aprender a ler, a escrever e a fazer contas. Apesar de não ser muito importante para si, devido a muitas insistências, faz a 4.º classe “com muitas ajudas”.

Entretanto o marido sai do hospital. Aparentemente é ele que passa a tomar as decisões em relação ao negócio da gasolina. Na realidade é Rosa quem decide tudo e é ela e não ele quem, paradoxalmente, se importa mais com esta inversão de papéis.

Aos 50 anos, viúva [?], Rosa está cansada: “mais do que agora com 80 anos”. Quer transferir o negócio para os filhos, mas o mais velho sempre mostrou mais gosto pelo negócio do que o irmão. Ardilosa, Rosa recorre a mentiras para ultrapassar as resistências dos filhos. Diz-lhes que dois comerciantes locais estão interessados em comprar a bomba de gasolina. Os filhos decidem-se e assumir a gestão da bomba (embora sócios, o mais velho é que acaba por gerir de facto, pq o outro prosseguiu a carreira q queria) que entretanto tinha crescido e fornecia as herdades da zona. Mais liberta Rosa dedica-se a projetos de índole social. Fomos encontrá-la no Centro comunitário onde distribui roupa e comida por quem por ali isso demanda.
Código de Referência:PT/AMPLM/CF/UIMM/076